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Mostrando postagens de 2010

Batuqueiro de Verdade Vota em Batuqueiro!

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Será que isso é possível? Após as eleições municipais de 2008 escrevi no meu perfil do Orkut que “de novo não temos representantes na câmara municipal!”, e complementei “êta povinho burro!”. De imediato Mãe Viviane de Iansã me chamou a atenção: “Não chama de burro. É politicamente incorreto de tua parte. [...] Esse fato não foi isolado. Tem continuidade e razões. Busque a explicação, esqueça por enquanto a conseqüência. Burro é uma justificativa emocional, e muito fácil para estes dados.” Ela tem razão mais uma vez. Fui emotivo, passional, mas por outro lado era essa a minha intenção mesmo. Queria provocar as pessoas que lessem essa frase. Queria provocar essa reflexão. Queria que elas pensassem um pouco. Será que ganhamos alguma coisa nesta eleição? Somando os votos de todos os candidatos a vereança de Porto Alegre ligados ao povo-de-santo, totalizariamos 5.610 votos, muito  longe ainda dos 7.046 votos que o carioca e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Waldir C

AJÈJÈ, A VIGÍLIA DO CAÇADOR

Àgo ye ê gbön! Para João Carlos de Odé Olobomi, o tão popular Deodé, um dos sacerdotes mais polêmicos que o nosso Batuque já conheceu, o Rio Grande do Sul é que, verdadeiramente, é a terra dos Orixás. Trazidos na bagagem cultural de africanos escravizados, os Orixás são as divindades do povo iorubá, cuja origem está na Nigéria e em parte da atual República do Benin, povo de importância marcante para o mundo religioso afro-brasileiro. O Batuque, nome popular da religião dos Orixás no Rio Grande do Sul, é o fruto gaúcho de matriz iorubana, que tem como característica tradicional a formação de sacerdotes que perpetuam o axé transgeracionalizado. Os Orixás são divindades criadas por nosso único Deus, Olódùmarè, e enviados à Terra para perpetuação do axé, o poder criador de Deus. Mãe Stella de Oxossi, Ialorixá do Axé Opô Afonjá, diz que “a religião dos Orixás é lúdica, festiva, alegre, de partilha, de boa mesa, plena de vida e fragrâncias. As comunidades heterogêneas das religiões afro-

O Ataque a Portilho Desvelado

Tem rolado na internet em sites de relacionamentos como o Orkut, o Twitter e até em blogs uma suposta manifestação pública em defesa dos animais contra uma suposta lei criada pelo Deputado Estadual Edson Portilho que autorizaria torturas e maus tratos aos animais. Como diz o blogueiro Erick da Silva, do blog Aldeia Gaulesa , " a velocidade da difusão, aliada a um instantaneísmo de pouca capacidade crítica, permitem que se gerem alguns 'mal-entendidos' e interpretações errôneas de alguns fatos." Concordo plenamente. De fato é de se espantar como essa história se espalhou pela internet, pois seguidamente me deparo com ela. Principalmente em época de eleições. Eu fui testemunha ocular do ocorrido e, por isso, vou dar os seguintes esclarecimentos. A lei da qual tanto se fala é a Lei 11.915,  de 21 de maio de 2003, que instituiu o Código Estadual de Proteção aos Animais, no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul. Essa lei foi criada pelo ex-Deputado Manoel Maria (PTB),

DEBATE VIRTUAL COM AMBIENTALISTAS EM 2004

>>>E-mail enviado por Juliana Gonçalves, estudante de biologia da UFRGS, em 25/07/2004 O deputado Edison Portilho de Porto Alegre teve a feliz idéia de criar um projeto de lei que permita que os animais sejam torturados e sacrificados em rituais religiosos. ... . O Deputado Edison Portilho, sabendo que iria ser "lavado" pelos protetores dos animais, fez a seguinte trama: marcou a apresentação para votação da lei num dia de julho mas fez um chamado urgente e marcou a reunião às pressas, mais cedo. Os únicos avisados foram os demais deputados e todas as religiões afros estavam lá dando pressão neles. Ou seja: não havia defesa. Os animais não tiveram oportunidade de se terem pessoas que os representassem. Quem poderia responder por eles? E aconteceu o que mais temíamos: houveram 32 votos contra os animais e apenas 2 a favor.  Agora imaginem o que já acontece: gatinhos e cachorrinhos têm os olhos arrancados, dentes tirados e são cortados em vários pedaços para fazer

Negros Albinos: a mentira propagada

Àgo ye égbòn Há cerca de um mês atrás uma colega do curso de história da Fapa me pediu uma opinião sobre albinos africanos, pois ficou interessada e queria escrever um trabalho sobre eles e queria fontes. Ela ficou espantada com a minha resposta, pois as informações que possuía era de que essas pessoas eram maltratadas, discriminadas e que fugiam da fúria de pessoas supersticiosas que acreditavam que poderiam utilizar seus membros amputados para realizar feitiços e bruxarias. Perguntei-lhe de onde tirou essas ideias malucas e disse que foi de um vídeo que recebeu de amigos da internet. Pedi-lhe que me mandasse o tal vídeo para que eu analisasse. O que vi foi um engendro medonho da realidade conspirado e executado por, pelo que parece, evangélicos brancos elitistas e racistas contra as religiões africanas e o povo africano. Isso não é incomum. Principalmente nesta época em que a sociedade luta por cotas para as minorias étnicas nas universidades e os afro-religiosos lutam por respei

Mídia: a grande educadora

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Àgo ye égbòn! Na segunda-feira passada (15/03/10) assisti a palestra Mídia, Educação e Cidadania: uma perspectiva crítica , ministrada pelo Prof. Pedrinho Guareschi, na Fapa. Guareschi, sem dúvida nenhuma, possui um currículo invejável com três graduações (Filosofia, Teologia e Letras), uma especialização em Sociologia, mestrado e doutorado em Psicologia Social em universidades estadunidenses, dois pós-doutorados também nos gringos (a útima em Cambridge em 2002). Já deu aulas até em Harvard e, atualmente, é professor convidado da UFRGS além de Conferencista Internacional. Com certeza é um vulto importante da intelectualidade brasileira. No entanto, o que expôs não foi nenhuma novidade para quem participa de movimentos sociais. Sabemos há muito tempo que a mídia manipula as mentes humanas. Que nos impurra goela abaixo valores da elite branca machista, homofóbica e cristianocêntrica. Que faz, através de seu poder, reprogramar as pessoas que passam a maior parte de suas vidas trabalhan

ITAN: O MITO YORUBÁ

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Àgo ye ègbón! Um dos equívocos mais frequentes que tenho observado entre os batuqueiros se refere ao tratamento dado aos Ìtàn. as histórias míticas dos Orixás. Costuma-se chamar estas histórias de lendas, termo que não exprime a realidade que se intenciona neste tipo de narrativa. O interessante é que quando falamos sobre a religião da antiguidade ocidental, sempre nos referimos a mitologia greco-romana, nunca lenda greco-romana. O mesmo não ocorre com a religião africana cujas histórias mitológicas são sempre referendadas como lendas em um flagrante ato de racismo. Mas qual a diferença entre lendas e mitos? Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. Tem caráter fictício. Muitas lendas não estão ligadas a temporalidade ou a geografia como, por exemplo, as histórias de lobisomens, vampiros, fantasmas e assombrações. Já outras são bem regionalizadas como Boitatá, Mula-Sem-Cabeça e Saci Pererê que só aparecem no Brasil. Pelo fato de serem repass