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Reminiscências e rupturas entre o Batuque do Rio Grande do Sul e a religião tradicional yorùbá

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Esta comunicação é embasada na monografia homônima apresentada à disciplina de Introdução às Ciências da Religião, ministrada pelo Prof. Dr. Oneide Bobsin, no curso de Mestrado Acadêmico em Teologia, que cursamos, e trata da religião tradicional Yorùbá em seu locus espaço-temporal, a religião de matriz africana estruturada no Rio Grande do Sul denominada Batuque , e as relações de proximidade e distanciamento entre elas. Tem como objetivos se inscrever numa tentativa de levantar dados epistêmicos numa comparação entre a RTY e o Batuque , procurando estabelecer reminiscências e rupturas no que tange a vários processos. Devo salientar, também, que este trabalho tem como finalidade um avanço de ordem pessoal e que serve de primeiros passos para uma maior compreensão do fenômeno que é a transposição da RTY da Nigéria ao Rio Grande do Sul. A metodologia é a comparativa entre pesquisa bibliográfica e nossa experiência vivencial como sacerdote do Batuque. Para esta comunicação apresentare

Afroteologia: elementos epistemológicos para se pensar numa teologia das religiões de matriz africana

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Estudando Teologia logo nos deparamos com algumas especificidades teológicas que observa recortes sociais como a teologia feminista, a latino-americana, a indígena e a negra. No entanto, a despeito dos discursos de diversos autores que promovem a alteridade dos saberes, o respeito à cultura do outro e seu posicionamento diante do mundo, ainda evidenciamos uma forte tentativa de “cristianocentrar” o diálogo. Neste contexto existe a Teologia Afro-Negra que é a tentativa negra de se valorizar positivamente diante do cristianismo, cujas teologias não contemplam a cultura negra. Então para diferenciarmos a Teologia Afro-Negra cristã da Teologia das religiões de matriz africana consideramos prudente o termo afroteologia. Consideramos o termo afroteologia em detrimento de Teologia yorùbá ou fòn, ou ewe, ou kimbundo, etc., por acreditarmos que existem “organizadores civilizatórios invariantes” que estão na base das religiões de matriz africana, tanto no continente africano (em suas várias for

Ilê Oxum Docô tem nova consultora

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O Ilê Oxum Docô é uma casa de culto aos Orixás conhecida internacionalmente. Devido a grande procura por parte do público, o Ilê possui um quadro de consultores semelhante ao o que ocorre nos grandes templos africanos, e a mais nova integrante desse quadro é Ìyá  Patricia de Ọya . Ìyá Patricia de Ọya é descendente de uma linhagem de mulheres negras sacerdotisas do culto aos Orixás. Sua avó, Mãe Wilma de  Yemọjá,   foi uma conhecida Mãe-de-Santo no município de Viamão e sua mãe, Itacira de Xapanã, tem mais de 50 anos de vasilha. Ìyá Patricia foi iniciada por Pai Pedro de Oxum Docô em 2006, recebendo seus axés em 2009 devido a grande dedicação e fé no culto aos Orixás. Além de consultora no Ilê Oxum Docô, Ìyá Patricia também é a Ìyá kékeré do  Ilé Àṣẹ Òrìṣà Wúre , casa de culto aos Orixás que fundou ao lado de seu marido Bàbá Hendrix de  Ọ̀rúnmìlà, e está estudando para prestar vestibular na área de Filosofia. Especialista em problemas amorosos - talvez até por influência de

Vigiar e Punir

Desde a questão do ladrão da hornet branca que foi baleado pelo policial que não lhe deu voz de prisão, mas sim agiu como um xerife ao estilo do velho oeste estadunidense e mais recentemente o caso dos animais roubados de um laboratório, tenho lido no facebook uma onda de pessoas defendendo a ação pistoleira do policial e propostas de que testes laboratoriais sejam feitos em seres humanos ao invés de animais. Ainda sugerem que seja feito em pedófilos e assassinos e há aqueles que incluem políticos corruptos. Isso me fez lembrar do seriado televisivo DEXTER , que narra as ações de Dexter Morgan que misturam (ou confundem) a ideia de um serial killer com um justiceiro, pois Dexter é um psicopata que teve sua compulsão por assassinatos direcionada exclusivamente a criminosos de todo o tipo.  O cristianismo, como agente construtor da cultura ocidental, pressupõe elementos de justiça oriundos do direito romano e que estão amplamente vinculados a punição. Assim o punir é entendido como

Idade é posto: a hierarquia do Batuque

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É muito comum as pessoas acharem que no Batuque não há hierarquia exceto a que separa filhos de pais e mães de santo. Ledo engano. O Batuque, como é típico de toda religião de matriz africana, possui uma rigorosa hierarquia. Toda hierarquia no Batuque está alicerçada na ancestralidade e senioridade iniciática. Ou seja, quanto mais velho iniciaticamente falando, mais alto é o seu posto, logo mais venerável é a pessoa. Esse venerabilidade, contudo, não é gratuita, pois exige uma responsabilidade. No Batuque existem 3 níveis iniciáticos: Bori, Pronto e Pronto com Axés. O Pronto com Axés será sempre hierarquicamente superior ao Pronto, que por sua vez é superior ao Bori. Além desses 3 ainda há as pessoas que chamamos de "cabeça lavada" ou omieró e ainda os que cumpriram obrigação de Oribibó. Estes ficam abaixo dos boris na escala hierárquica. Embora possamos contar na hierarquia do Batuque, os leigos estão tecnicamente fora dela, já que seu vínculo com a casa é essencial

Jornal da TVE/RS - 1º Encontro de Teólogos Afro do Sul

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